quinta-feira, junho 05, 2003

São Lourenço mobilizada contra a Nestlé


(São Lourenço, MG, ameaçada pelo "lucro"? A mídia de massa "comprometida" com campanhas
milionárias que oferecem "prêmios"? Migalhas para a sociedade civil? A voz da imprensa livre traduzida
pela Web é mais que necessária para respondermos essas questões. O Centro da Terra continua preferindo
as "pílulas vermelhas". Dissemine agora, nada pode calar a livre expressão.)


Janeiro 2003, Suíça - A ATTAC, organização da sociedade civil que pleiteia a taxação de operações financeiras
para aplicação na redução das desigualdades sociais no mundo, lidera manifestação contra a Nestlé, multinacional
com sede na Suíça, contra a privatização de uma fonte na cidade de Bevaix. As leis suíças deram razão aos manifestantes:
a água é considerada bem comum, inalienável e não comercializável. A água é patrimônio da humanidade, lá na Suíça.

Maio 2003, Brasil - O Movimento de Cidadania pelas Águas, organização espontânea da sociedade civil da cidade sul-mineira
de São Lourenço, que pleiteia, entre outras coisas, o controle público sobre os seus recursos hídricos minerais, lidera manifestação
contra a Empresa de Águas de São Lourenço, pertencente à multinacional suíça Nestlé, pelo fim da superexploração das águas
minerais que garantem o turismo e a economia da cidade.

Em um poema, o falecido poeta turco Nazim Hikmet afirma que os subterrâneos dos bancos suíços não estocam dinheiro:
acumulam sangue de povos, combatentes e heróis que se opuseram e se opõem a tiranias diversas, cujos titulares os
assassinaram e assassinam para, na maioria dos casos, vender com mais sossego o seu país e correr para depositar
seus lucros nos bancos suíços, de preferência. Sem citar os dinheiros lavados que viajam todo dia para o paraíso suíço.

Na Suíça, a água é bem comum. Em São Lourenço, cidade da ex-colônia Brasil, situada na ex-província de Minas, fornecedora
do ouro que, junto com a prata andina, constituiu uma das bases da Revolução Industrial européia, a água é da multinacional Nestlé.
O ouro acabou, mas as minas continuam generosas. A julgar pela voracidade da Nestlé, em breve terão o destino do ouro: a extinção.

Mas a Nestlé já extinguiu coisas mais importantes. Fazem parte dos clássicos da pediatria os esforços da empresa em apresentar
seu leite de vaca em pó como alternativa melhorada para o leite materno. Ao introduzir o seu leite Ninho na África, por exemplo, as
imagens que o recomendavam eram de moças vestidas como enfermeiras, e o leite era associado à idéia de medicamento, com largas
vantagens sobre o leite materno. O consumo desse produto, diluído em razão do alto custo, nem sempre manipulado com higiene e água
pura, transformou-se num vetor para a morte de bebês, privados da imunização que o então desvalorizado leite da mãe proporciona.

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