Luis Fernando Verissimo.
Passei por duras provas para conseguir meu diploma na escola da vida.
Mas para entender as mulheres é preciso um estágio.
Nesse quesito, eu sou um entusiasta da filosofia gelol: "Não basta ter pau,
tem que participar!!!"
Por isso, aceitei o desafio de passar um dia com um modess na cueca.
A primeira menção do assunto modess me causa uma
vontade de gargalhar irracional. Pois eu resolvi que já era hora de
encarar esse trauma de forma mais íntima. O primeiro passo foi comprar a
pequena fralda na farmácia. Isso foi fácil. Na verdade, foi até divertido. Fiquei
torcendo pra mulher do caixa perguntar, e eu responder de forma bem
"casual": "É pra sua namorada??? "Não. É pra mim!!!" Só que
ninguém nem tchuns, o que prova que as meninas ficam constrangidas à toa.
Na verdade, menstruar é uma parada normal. Acontece nas melhores famílias.
Comprei um não-sei-o-que "mini". Não ligo pra grifes, ainda mais de modess.
Mas nesse caso, o que importava era o tamanho. E era mini. Porque, se é pra
eu fazer esse papel de usuário de Absorventes, pelo menos que eu não passe
por arrombado. E a diferença de bitola entre o mini e o super é significativa, o
que me fez pensar sobre como algumas mulheres são maiores que as outras...bom.
Comprei também um tablete Valda pra dar uma dechavada básica e fui pra casa
realizar o sacrifício que me tornaria um membro da classe masculina mais compreensiva
com o sexo oposto. Impulsivo por natureza, o homem não se dá ao trabalho de procurar linhas
pontilhadas e, assim sendo, comecei abrindo errado. A abertura na horizontal tem um porquê,
se adapta melhor à bolsa e deixa o absorvente mais à mão no caso de uma enxurrada inesperada.
Mas eu ignorei, pois não uso bolsa. Ao retirar a peça do invólucro, você tem que descolar uma
abinha para grudar na roupa íntima. Se a menstruação em si não lhe deixar "incomodada",
essa almofada intrusa no seu chakra genital com certeza vai. Calculei que o centro do modess
ficasse na altura da "terra de ninguém", de forma que ele não invadisse o território peniano.
O saco reclamou um pouco, já que não se tratava de uma cueca duplex com teto solar.
Um pouco de paciência e um pequeno remanejamento espacial e tudo estava resolvido.
A primeira coisa que se pensa ao compor o modelão usando absorventes externos é: "Será que está marcando?".
Por isso é essencial que você faça tudo com a companhia de um aliado. Assim, você vai poder
contar com um correspondente nos países baixos, quevai lhe avisar caso o modess cisme
em querer se destacar na sua bunda. Ao sair de casa, fingi que não tinha um objeto
parasitário ultrajando a minha intimidade. Mas parece que está piscando um outdoor na sua testa avisando
"estou de chico". E eu nem tava!!! Que absurdo... Até encontrar seu aliado(a), é sempre bom
dar uma conferida nos reflexos que você encontrar pelo caminho, como espelhos e vitrines,
pra ver se está marcando. Foda-se a queda na bolsa de Tóquio ou a reforma ministerial.
O que importa é que ninguém perceba que você está naqueles dias. E a preocupação é uma
constante. Não dá pra esquecer que seu fundilho está acolchoado. Ao final de minha jornada,
foi um alívio tirar o cuecão e zunir o modess no lixo. Claro que eu tive o cuidado de dobrá-lo e
escondê-lo no canto do lixo, antes, envolvendo com muito papel higiênico para que ninguém
se deparasse com aquele objeto indesejável depois do almoço. Daí eu entendi por que às vezes
tem um montinho de papel enrolado num canto da cestinha do banheiro.
Iuch! Se eu tivesse que usar isso a cada ciclo, ia ter uma crise pré-menstrual que ia durar uns trinta dias por mês.
E as mulheres nem ganham adicional por insalubridade.
VOCÊS SÃO HEROÍNAS...AMO, ADORO VOCÊS MULHERES MARAVILHOSAS!
Agora dá para entender um "pouco" essa tal de TPM!!!!! Aprendi a ser MAIS compreensivo.....com vocês.
Sintam-se todas acariciadas por mim nestes períodos...
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