"Minha vida é faminta de opções.
Alimento-me delas.
Vivo de devorá-las vorazmente, com fome de migalhas caídas ao chão.
Ancho abdome, corrompido pela saciedade dos devires extintos.
Não gozo pela vida que me escorre à farta pela garganta já sem gosto.
Gozo pela consumação de mais uma escolha, pelo esgotamento de uma possibilidade.
Respiro aliviado pela letra vencida, a vírgula já posta, a decisão tomada, o peso descido e digesto.
Subsisto, intangível estoque de renúncias, dádiva do compromisso que assumo com o que não escolhi.
Não fui e pronto! Não serei nunca mais. Não mais é preciso sê-lo.
Basta-me ter escolhido o que já fui. Vejamos logo o que ainda me cabe decidir.
Vivo mesmo é de esgotar possibilidades. Existir é escolher."
por Eduardo Augusto Gouveia dos Santos
terça-feira, junho 21, 2005
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