sexta-feira, junho 24, 2005

Um pássaro livre

Sou um pássaro livre. Não tenho deveres a executar ou compromissos a preencher.
Forma e nome não são meus. Esqueci as limitações impostas pelo conhecimento.
Os olhos vêm, os ouvidos ouvem, mas não existe alguém que esteja vendo, nem alguém ouvindo.
O corpo e o cérebro estão vivos e alertas, mas não há mente, nenhum pensador.
Pensamentos vêm e vão, mas eles nunca perturbam a paz que está sempre presente.
Como um ator no palco, eu executo qualquer ação requerida. Ainda assim, Eu sei que
é tudo uma peça de teatro. Quem pode dizer o que a vida é? O corpo respira, os sentidos
respondem - o que pode ser mais miraculoso do que isso?
Nesta liberação, nunca houve qualquer limitação. Eu entendo que não há nada para entender.
Nesta perfeição, nunca houve uma imperfeição. Eu sei que sou Um.
Não há palavras para expressar o que Eu sou. Pensamentos não podem abranger isso.
A Realidade não pode ser quebrada em partes. Portanto, noções disso e daquilo, Eu e você,
são ilusões. Este mundo de aparecência é como uma ondulação na superfície do oceano.
Sinto a profundidade do oceano, mas não consigo descreve-lo.
O mundo das formas aparece, mas ele não tem substância. Eu vejo não-separação em tudo.
Não conheço ou experimento a mim mesmo como uma pessoa separada. Não conheço ou
experimento outros como pessoas separadas. Sou amigável com todos, porque não sinto que
os outros são diferentes de mim. Convido a todos para minha própria felicidade. Existe somente
Unidade, então como você pode chamar isso de amor?
Não quero nada, nem não quero nada. Tudo parece bom como está.
Minha verdadeira natureza é silêncio. Sento tranquilamente no meu Ser.
Aqueles que precisam de mim, me acharão. Sei que Eu também receberei o que quer que eu
necessite. Não tenho pensamentos sobre o futuro. Eu sei que nunca há qualquer momento
diferente deste. Esta vida ao meu redor é meu Ser. Medito neste Ser com devoção.
A chama da vida está sempre acesa. Sou o devoto e o objeto de devoção também.
Sou vazio e cheio, tolo e sábio, dorminhoco e acordado. Não entendo a mim mesmo!
Não posso localizar a mim mesmo no espaço. Não consigo experenciar a mim mesmo em nenhum
ponto no tempo. Não existo em nenhuma forma, e ainda Eu sou. Meu ser é um mistério para mim!
Percebo a beleza, mas isso não é projetado por mim, nem vem a mim de fora.
Beleza e bondade estão na natureza da própria existência. Esta é a conclusão que vem a mim.
Esta forma humana é uma fraqueza e uma força, mas eu sei que eu não sou isso. Portanto, eu não
estou limitado pelo corpo. Não concebo a mim mesmo como sendo como isso ou como aquilo. Portanto,
não sou limitado pelos pensamentos. Nunca experimento um estado no qual não estou atento. Portanto,
não sou limitado pela ignorãncia. Eu sei que um dia este corpo se irá e que todo conhecimento do mundo acabará.
Portanto, não sou limitado pelo conhecimento. Como uma bandeira voando no vento que mostra que o vento
lá está, este mundo revela minha existência, mas Eu permaneço desconhecido. Existe algo que eu preciso
para me satisfazer? Não, estou contente com meu Ser.
"Eu" não sou iluminado, acordado, ou auto-realizado. Não existe ninguém para quem estas palavras possam ser aplicadas.
Possam todos aqueles que procuram o Ser chegar a o entendimento - que não existe nenhum caminho que leve
para aquele que está procurando. Possam todos aqueles que praticam disciplinas espirituais chegar a este entendimento -
que não existe nada que você possa fazer para se tornar o que você já é. Possam todos os buscadores em todo lugar
encontrar o fim de sua busca e viver livremente em paz e felicidade.
Sou um pássaro livre. Não tenho deveres a executar ou obrigações a cumprir.

Andrew Vernon - Himachal Pradesh - India

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